sábado, 5 de abril de 2008

BATISMO

Em crise com a sua consciência, ela ainda questionava-se pelo título dos escritos. "Olhos Pretos"? Não era uma insegurança, era mais uma questão de explicar, de aprofundar-se no que estava a ser exposto.

Fez uma retrospectiva da sua vida. E de tudo o que seus grandes olhos amendoados conseguira absorver nesses anos. Era muita coisa! E, neles, tudo se escondia. A negritude era o portão imenso e trancado de sensações. Afastava do interior pessoas curiosas, ao mesmo tempo que aprisionava observações notórias do mundo. Nada lhes escapou, nunca!

Visto sua enorme grandeza, não poderia, de jeito nenhum, arrancar-lhe outros significados, senão de poder, domínio, mistério e sabedoria. Isso explicava o conceito. Isso traria pra si, algo contemplativo, a olhos vistos.

Conformada em batizar suas novas palavras, ela notava estar só, sempre. Não haviam outros olhos a te vigiar. Teria que se conformar com visitantes desconhecidos que, ali entrarão pra observar, ler, e levar pra seus mundos algo tão escuro e simplório.

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