terça-feira, 8 de abril de 2008

MAIS UM...

Saíra na última noite com um quase desconhecido, se não fosse uma estória ligada, aos dois, há uns cinco anos atrás. Ele, mais velho e mais maduro (mas não tão velho assim. Eles tinham a mesma idade). Agora, sem aparelho nos dentes, fazia do seu sorriso a única arma de convencimento. "Engana-se se acha que irá me seduzir"- pensava ela, rindo consigo mesma. Ele era o exemplo do homem totalmente racional. Nas linhas traçadas pelo destino, havia poucas e objetivas palavras pra definí-lo. Ele tentava enrolar, tentava mostra-se sensível, mas tudo o que fazia era passo a passo estudado, para arrastar a moça pra seu intuito final. Ela seria mais uma.
Na cabeça dela, passava-se um filme. Ela gostava de relembrar momentos, já que sua memória estava cada dia mais duvidosa. Em reencontros assim, fazia viagens por outros mundos, outras épocas, e falava em detalhes, cada coisinha que aos poucos reavivava aquela relação, quer ele estivesse escutando, ou só olhando pra sua boca.

Foi um amor de verão, ou melhor, uma paixão de inverno, já que toda história começara nas vésperas de um São João muito estranho. E há quem diga que épocas de frio são as melhores pra se apaixonar. Ela concordava. Mas, concordava também que nada aconteceria tão intensamente se não fosse as confusões ligadas aos dois. Pois tudo o que houve naquele São João se devia ao fato dela ter uma amiga apaixonada pelo melhor amigo dele.

Tudo mudara em questões de dias para os quatro. Ela e sua amiga Yam decidiriam, em nome do coração, passar as férias de meado do ano em Jaguaquara, cidadezinha do interior, fria e distante de qualquer tentativa de fuga da situação. Ela não tinha espírito aventureiro, mas Yam era a própria aventura. Sempre a metia em situações inusitadas e atípicas em prol de "viver a vida loucamente". Decidiram e foram.

Porém, a chegada ao lugar não agradou algumas pessoas. Concorrência era concorrência. E ninguém tiraria da cabeça que ela e sua amiga viriam atrapalhar alguns planos pré-estabelecidos. Ficar em uma casa onde não teria nem cama seria um deles. Daí em diante ela preferia narrar com tons mais românticos, ao invés de contar como foi estressante a viagem. Essa capacidade de diversificar pontos de vista sempre foi seu forte. Todos tem inúmeras visões sobre a vida, e ela escolhia sempre a melhor e a menos dolorosa.

Enfim, em meio a um frio congelante, só quem tinha contato com seu paquera era Yam,que podia, sem ser notada, viver uma incrível história de amor, debaixo de panos e cobertas grossas. E Yam seguia feliz. Ela, não. Estava tudo errado. Tudo fugiu imensamente do seu controle ao achar que ele, a paixão do seu São João, iria tomá-la nos braços e assumir naquela cidadezinha, todo o amor que havia começado. Enganou-se. Ele a ignorou, jogando seus sentimentos pra outra. E quando a procurava, era mais frio do que uma lâmina de aço. Em meio ao licor diversificado, ao forró tocado nos carros que estacionavam em cada esquina, ele criou a distância. Foi daí que ela pôde entender quão racional era ele. Combinava perfeitamente com o frio cortante de Jaguaquara.

Na mesa do restaurante, olhando seu sorriso e sua tentativa de ser carinhoso, ela sabia que, dele, não provinha amor. E nela, talvez, nem mágoa, pelo tempo que passaram separados. Havia uma total insignificância ali, que ela compartilhava falsamente com ele. A promessa de manter um contato, e de voltarem a se falar poderia acontecer. Mas ela sabia que o mal estava feito e que ele nunca poderia consertar aquele erro que marcou a estória.

Um comentário:

O Sibarita disse...

Ele diz: Olhos negros cruéis e tentadores... ele era menino, menino um beduíno com ouvido de mercador... kkk lá no oriente tem gente com olhar de lança na dança do meu amor, tem que dançar a dança, ô, ô, ô... kkk M. Moreira

Pois é, né fia? kkkk

Ele diz que em Jaguaquara naquele São João de um frio retado, o que é normal por lá, ela se afobou, ai nada rolou... kkk E que ela foi muito astuciosa, armou e não se deu bem, de certa forma, uma pena... kkkkk Porque, o clima convidativo da cidade com uns vinhos e jenipapos na cabeça tudo poderia acontecer, nem mesmo a falta da cama seria problema... kkkk Ainda bem que foram há cinco anos atrás... kkk Se fosse há quatro, o bicho ia pegar com certeza... kkkkkk Espertíssima ela, né não! kkkkkkkk

Dona moça eu e não ele, me delicio com os seus excelentes textos, o que posso fazer, se não agradecer por isso, é ou não é?

Obrigado pelos comentários dela no Sibarita, espero que ela sempre vá lá... kkkk

Mas, Deus, meu Deus será que estou a contento nos meus comentários? -Raapppaaaaaaaaaaaaaaaazzzzzz.... kkkkkkkkkkk

bjs
O Sibarita