quarta-feira, 9 de abril de 2008

MENINO DE OLHOS VERDES

Com os olhos arregalados, dando a impressão de não acreditar no que via, ela confirmou sua suspeita. Era o menino de olhos verdes quem ressurgia na sua vida, marcando sua semana como a mais memóravel e surpreendente de todas.

Mais uma vez ela não acreditava na sua visão. Sem ter como escrever esse reencontro, ela pensava, pensava e as letras não saíam. Ele era algo que não tinha como descrever. Mas ela não achara justo, em meio a tantas experiências, uma das mais importates não ser relatada em seu diário virtual.

Ele sumira da sua vida quando ela tinha 18 anos. Depois de namorar durante quase dois anos, eles se separaram. Não haveria mais dúvidas que sua escolha era a mais certa para os dois. Com tantas brigas, ela deixara de estudar e não se preparara direito pra provas e vestibular. Ele, na faculdade de odontologia, era sempre o "exemplo a ser seguido"- comentava sua mãe ao saber de mais uma briga do casal. Ao contrário da mãe dela, a mãe dele nunca permitiu o namoro. Era contra por saber da diferença de idade entre os dois.

Na sua vida, foram contadas as vezes que viveu intensamente relações. Paquerava muito, mas namorar era bem complicado. Ela era complicada. Havia tido um primeiro amor, aos 13 anos. E, com 14 anos conhecera o sexo, com outro rapaz. Mas foi com o menino de olhos verdes, aos 15 anos, que ela aprendeu a namorar, com todos os atributos que uma relação exige: ciúmes, respeito, carinho...

Estava voltando da escola, dessa vez sem Yam e Yanic, quando avistou, atrás de um orelhão, um menino alto, magro, correr de um lado pro outro, atrás de um telefone que estivesse a funcionar. Ela, que esperava sua amiga deixar os livros em casa, observava com entusiamo como aquele menino era desajeitado e nervoso. Timidamente, tentava olhar sem que ele percebesse. Ela tinha crises da idade, e se achava muito magra, muito feia, muito estranha. Seu corpo mudava a cada dia, e sua cabeça não acompanhava essas evoluções. Despedira-se rapidamente, com seu estômago roncando de fome. O sol, que queimava sua cabeça, também fazia raios de luz na sua vista, e ela seguiu sozinha pra casa. Lembrara que o menino de olhos verdes a seguira nesse dia.

Tudo seria normal se, nos dias seguintes, ela não houvesse passado pelo mesmo lugar, encontrado o mesmo menino e sido acompanhada até em casa.

Ela, agora, podia perceber seus imensos olhos verdes. Eram como duas esmeraldas brilhantes, apontando pra ela. Seu cabelo, loiro e liso, flutuava como pena ao vento, principalmente quando ele, apressadamente, tentava manter o ritmo dela. Não adiantava, ela fugia, ele seguia. Ela tinha medo dos seus olhos. Nele, encontrava-se o mais puro dos lagos de sentimento. Poderia aforgar-se em tanta beleza.

Descobriu, tão somente, que ele tinha facilidade de comunicação, o que ela, precisava aprender. Ele se aproximou e a conquistou, falando, falando e falando... "O que esse menino queria?"-indagava ela, de tantos assuntos que ele puxava.

O menino de olhos verdes era seu vizinho, e a maneira como ela descobriu que sua janela dava pra dele foi algo digno de um filme: Ele, pra chamar sua atenção, subiu no parapeito da janela e, numa atitude de desespero enfiou a mão por cima das grades, que fazia a proteção da sua casa. Ninguém ousaria mais do que isso. Ninguém faria isso.

Logo, estariam a namorar. Ela tinha orgulho daquele menino. Ele era a vida ousada que ela nunca teve. Se quizessem correr, eles correriam. E, gritar, eles gritariam. Fariam os dois, se quizessem. Com ele, ela vivia intensamente. Os dois estavam sempre juntos e ela podia contar com ele pra tudo.

Namoraram seis meses, terminaram, e voltaram a namorar por mais um ano. Ele deu a ela o primeiro ursinho de pelúcia. E realizou seu sonho de pular no Carnaval pela primeira vez. Ela ensinava a ele as delícias das preliminares e, como era amar com respeito. Viu que tinha vocação pra poesias, e adorava quando ele te mostrava as novas tecnologias achadas em seu computador. Aprenderam muito juntos. Mas, brigaram muito também.

Ela ainda não acredita quando lê sua mensagem de volta. Tantos anos se passaram, e sua vida mudou tanto. Hoje estava mudada, estava mais madura, e havia perdido o sonho de se casar com um príncipe. A vida não tirou os possíveis contos de fadas, mas a fez enxergar que ela não era a princesa perfeita.

Mas, aquele que havia sido seu príncipe ali estava, a sua procura...

(cont...)

10 comentários:

Anônimo disse...

Isto não é coisa de quen nunca escreveu, mas de onde será que conheço esta forma de relatar ?

António Pinto de Mesquita

Maria Clarinda disse...

Descobrir o teu blog, foi uma das coisas lindas que me aconteceu hoje, acredita voltarei muitas mais vezes.
Jinhos

O Sibarita disse...

Ele: Fia ô fia! kkk É fixação por olhos verdes, é, é? kkkk Ah, os meus? Bom, os meus são castanhos! kkkk

Ele ainda... quando amamos alguém e rompe-se o namoro continuando a gostar daquela pessoa, sempre, que vemos alguém com algo que a identificamos(no caso dela, os olhos verdes)a outra pessoa, claro, achamos estar diante de quem amamos no passado. E se essa pessoa passa a nos cortejar, pronto, o pavio acende e para o namoro é um passo... Muito bom mesmo! E quando percebemos que essa pessoa é diferente para melhor ai fia é sopa no mel! kkkk

Ele... mas ela se sentia feia? Mas, por que? Ah entendo, a idade! Agora, a nossa boniteza não está fora e sim dentro, o fora nada quer dizer... Carl Jung, diz: " O que está dentro, está fora..." Então... kkk

-Como?
-Se ele, é psicólogo? E eu sei lá dona moça! kkk

Eu, não ele, brilhante mais uma vez a sua narrativa, quantas e quantos ao ler seu texto vão se encontrar dentro do contexto? Muitos e muitas ao lembrar da adolescência, a melhor fase da nossa vida... É isso!

bjs
O Sibarita

Pedro M disse...

mmm... será que cada um de nós tem uma princesa/príncipe perfeito?

Um beijo

Pedro

P.S.: Olá Auréola Branca.
Obrigado pela sua visita. Foi uma boa oportunidade para descobrir o seu blog.

Suave toque disse...

As páginas da vida são
cheias de surpresas...
Há capítulos de tristeza,
mas também de alegrias,
Há mistérios e fantasias,
Sofrimentos e decepções.
Por isso, não rasgue
páginas e nem solte capítulos,
Não se apresse a
descobrir os mistérios.
Não perca as esperanças,
Pois muitos são os finais felizes.
E nunca se esqueça do principal:
No livro da Vida,
O Autor é Você!

Desejo-te um excelente final de semana, cheio de alegrias...

Grande beijo de carinho

Elcia Belluci

veve disse...

OBRIGADA PELA VISITA AO MEU BLOG!,VOL
TE SEMPRE QUE QUISER, SERÁ UM PRAZER.
ADOREI O SEU BLOG!AURÉOLA BRANCA,VC
ESTÁ DE PARABÉNS, POIS SEUS TEXTOS
SÃO MARCANTES E INTENSOS.
VOLTAREI A VISITA-LÁ MAIS VEZES.
UM GRANDE ABRAÇO.
VEVEFEO.
http://www.vevefeo.blogspot.com
(A MELHOR ESCOLHA- AME)

L.N. disse...

Adorei ler-te com meus olhos negros , ao ler-te contemplei um prado verde , no fundo negro vi o meu reflexo e a musica desenhou o som que as imagens das tuas palavras mostram , gosto de te ler definitivamente.

pin gente disse...

parece que a vida dá segundas oportunidades...

Anônimo disse...

A realidade muitas vezes se torna diferente de nossas fantasias. Viajamos no pensamento e nem sempre o que é real nos acompanha.
Em tempo: Li o conto todo - Menino dos Olhos Verdes- e fui ler seu perfil...rs. Resumido demais,né? Boa semana, menina!

Anônimo disse...

Me apaixonei pelo seu blog.Quero voltar mais vezes!