A MAGIA DO ENCONTRO

Todos esperam o amor naquele tom rosa claro de romance. Todos esperam que ele chegue naquele dia em que estão mais confiantes, seus cabelos mais lisos, sua pele mais maquiada e sem nenhum cravo. Naquele dia onde tudo parece estar dando certo, ganhou promoção no emprego, sua mãe viajou por uns tempos, estreiou aquela camisa que nunca usara por estar com uns quilinhos a mais. Havia passado no concurso miss beleza. Havia ganhado ingressos para o futebol. Estava mais inteligente. Aprendera a contruir um coração em origami. Estava mais confiante. Naquele dia há mais chance, mais probabilidade! Acreditam que ele entre na sala de espera da vida chamando a atenção daquele ser solitário, como se tudo fosse programado metodiamente de acordo com o querer, avançando como um vento suave, mas esperado pelo calor intenso.

Com passos firmes, mostrando que sua imprevisibilidade era igualada a certeza da eternidade, o amor chegaria. Nada seria mais firme e decidido do que amar. E haveria o ponto final. Ele ama e ponto. Ela ama e ponto. Nada mais a se dizer (ou a se viver).

As flores que viriam na sua mão poderiam ser vermelhas sangue e pulsariam tal qual a sensação de ter encontrado a pessoa ideal. Ele, o amor, seria alto, baixo, grizalho, loiro, branco, negro, magro, atlético, mas totalmente perfeito. Totalmente do jeito que se imagina que seja. E ali, naquela noite perfeita, eles teriam o encontro perfeito e selariam o final da estória de amor.

Ela acordou meio sonolenta pela campainha. Havia dormido mal e estava com uma enxaqueca daquelas. Não se importou em ajeitar o cabelo ou disfarçar a cara inchada de sono. "Quem deveria ser àquela hora?" Já há muito não recebia ninguém em sua casa, principalmente às seis da manhã. O desânimo insistiu pra que voltasse pra cama e esquecesse a visita inoportuna. Mau-humorada e com trajes de dormir, ela abriu a porta.

Ele estava lá. Rosa.