Não quero parecer para você àquela pessoa que caminhou sem olhar para trás.
Prefiro calar-me.
Mas o tempo, este sim, dirá à nossa certeza como podemos ir e voltar em segundos.
Janela fechada, luz apagada, ponto de solidão...
Você já parou para pensar que essa enorme distância entre dois pontos foi criada por você? E que, mesmo havendo um singela oportunidade de você parecer estúpido e sensível, preferiu a racionalidade e a insensatez? Perdoe-me por querer extravasar a raiva que, por pedido seu, não deveria estar acontecendo, mas meu sangue de barata é vermelho o suficiente para que meus olhos e ouvidos não explodam.
Certa vez eu avistei um barquinho navegando longe. E avistei você, acenando dentro dele. Não te olhei, porque sabia que meu porto não comportaria tanta ilusão e docura. Mesmo assim você veio entre ondas, entre passados. Bem que eu poderia me deixar levar para dentro da água, como você pediu. Mas, algo em mim dizia para manter-me no ar. A liberdade de respirar me salvou e hoje só vejo aquele pontinho, longe, longe, longe...
E espero que nenhuma corrente o traga à margem novamente.
Por que não consigo enxergar o sol diante de tantas tempestades no horizonte? O céu, em plena tarde, está negro, nublado, frio. Até o cheirinho de chuva que ora me alegrava não parece mais do que a certeza de tristeza e dor.
Lembro que venerava a chuva, aquelas gotas que caíam sobre minha face me traziam revelações de mudança. Dançava, liberta, diante do senhor vento, na melodia que as folhas regiam.
Arco-íris, traz-me sua magia e afasta de mim a solidão.