terça-feira, 8 de setembro de 2009

SENTADA NO CHÃO...

A mudança de uma cômoda para outra foi o bastante para me concentrar em mim.

Dias de faxina e arrumação são bem tortuosos. É um tal de tira daqui, transfere para lá, levanta poeira, separa pilhas e pilhas de livros... Afff!!!

Mas, de certo modo, isso parece-me ser bem relevante hoje...

Precisava desfazer-me de uma sensação desconfortante que me seguia em duas semanas. Cresci e encolhi em exatos quinze dias de um estresse que não planejei. E, ali, estava o meu passado transformado em brinquedos e recordações.

Tirei todas as peças de uma casinha que construiu meus sonhos durante meus oito anos de idade. Naquela casinha, os móveis eram coloridos e haviam muitos bonequinhos a quem eu podia chamar de amigos. Lembrei de como adorava deitar no chão, e dividir minhas histórias com eles.

Tirei o pó do playmobil de escolinha, que, por muito, me faziam entender a verdadeira arte de estudar. Ainda me lembro o que cada Lego significava para mim. Havia cada coleguinha em cada um deles... Impressionante como ainda permanece detalhes disso tudo, quando minha vida hoje não quer mais guardar nada em mim.


Detalhes guardados também em rosas secas, cartõezinhos de Natal, souvenir que colhia em viagens, fotografias de caretas que traziam consigo toda a alegria vivida em algum momento...


Então cheguei às minhas agendas, guardadas com carinho dentro de uma caixa branca forrada. Todas elas, um resumo de minha vida e minha estória ali. Agradeci a Deus por estar revisando cada pedacinho da minha vida, recordando imagens guardadas no inconsciente. Desde pequena que a escrita sempre fora minha janela pro mundo. Tinha uma certa teoria de que, quando crescesse, muitas coisas iriam sumir da minha mente. Como ocorreu. E, nos meus feitos e fatos marquei minha presença nesse mundo.


Hoje, quase vinte anos depois das primeiras escritas, tive saudade da ingenuidade dos meus versinhos de amor. Gostaria, de verdade, que não tivessem me tirado desse mundo de faz de contas, onde eu conseguia dormir todas as noites tranquilamente, sem a preocupação de um adulto.


Depois de tudo espalhado no chão, comecei a guardar os pedacinhos. Não consegui me desfazer de nada da minha infância, mesmo que tudo isso só ocupasse lugar desnecessariamente, como afirmava minha mãe. Pensei se teria uma outra oportunidade (quem sabe daqui a mais dez anos) para eu lembrar de tudo outra vez... Juntei, embalei, protegi dos outros todas as minhas lembranças...


E a minha parte boa ocupou apenas duas prateleiras da minha cômoda de quarto.

20 comentários:

Cris Medeiros disse...

Eu adoooooro jogar coisas fora, sejam elas objetos que representaram algo em alguma fase da minha vida, ou lixo mesmo. É quase uma terapia fazer sacos e colocar pra fora da minha casa...

Essa segunda arrumei 12 caixas grandes das coisas do meu ex que ele me prometeu vir buscar, mas confesso que adoraria jogar tudo fora agora, é mais forte que eu... rsrs

Beijocas

jo ra tone disse...

É bom ir de vez em quando ir ao sótão recordar os bons momentos da nossa vida,através do conteúdo que algumas malas escondem.
São livros, cadernos, trabalhos manuais. Quando encontramos algo já estragado, damos um jeitinho e restauramos, se assim o justificar.
Faz parte da nossa vida, da nossa história.

Beijinhos

O Profeta disse...

Troquei as voltas a um Golfinho feliz
Afagei a cria de uma Baleia azul
Confundi uma nuvem com ilha encantada
Perdi-me na rota entre o Norte e o Sul

Aprisionei o olhar de uma gaivota
Enchi a alma com penas de imensa leveza
Enchi o coração de doce maresia
Adormeci nos braços da incerteza

Vem viajar comigo no meu barco de papel


Bom domingo

Doce beijo

Manuel Veiga disse...

um texto muito bonito. um prazer. sempre vistar o teu blog.

beijo

EuEle disse...

Ja estao la. Bjs

graziela disse...

Voltarei sempre.
Bjos

tem um selinho para ti no meu blog
traduzindo para o meu hebraico:

Sr do Vale disse...

Que doce, isso me remete a olhar novamente a foto, sim a bela garota da foto que guardei, e que ipnotizou-me de primeira, e fez de mim um acorrentado em sonhos distântes.


bjs.

Sr do Vale disse...

Gostaria de devolvê-la com algumas alterações, mas, mas, como? se não tenho o e-mail?

Sr do Vale disse...

Será que o carteiro não volta mais.....

Sr do Vale disse...

Só mais uma coisinha, prometo que não volto mais:
Não só tenho a foto, como a considero um presente dos deuses.

Sr do Vale disse...

Voltei, é voltei, mas vim para ler, e após o texto consumado, um aperto forte no coração, pois a lembrança a lembrança de alguém, leva-nos a lembranças de nós mesmos.
E mesmo que o mundo de hoje não guarda lembranças, resolvi guardar, e quem sabe um dia, eu rirei deste momento, ou chorarei a saudade.

Daniel Costa disse...

Aureloa Branca

Lê-se o texto com agrado e exclama-se memória de um passado ainda recente!
Que a memória se possa rever sempre num passado que pode parecer feito de ingenuidades. Não o será, no entanto, antes fases de uma vida, que fica como a marcar a história individual.
Agradeço e já retirei o selinho para talvez mais logo gostosamente cumprir a
incumbência.
Abraço,
Daniel

Celina disse...

Auréola Branca,
Agredeço o seu comentário sobre as serestas, eu sinto saudades é verdade,mais são lembraças que ficaram bem distantes.
Procuro sempre me adaptar aos dias de hoje, que têm também os seus encantos, serão recordados também com saudades daki à alguns anos, devemos criar ao redor de nós um oásis de felicidade, deixar o mundo se degladiar, eles que briguem, aprenderão também que não é este o caminho.
Compreenda o seu amor e o aceite como ele é, garanto que você sabe usar o 6° Sentido que toda mulher possuí.
Tudo de bom para você, que seu amor floresça.
Ps. Você já tem algo à seu favor, usar as palavras como uma verdadeira poetisa.
Muita paz!

jo ra tone disse...

Vou fotocopiar o selo
Obrigado
Um beijinho
com muito carinho

EuEle disse...

Guarde tudo com carinho. Eu muito jovem escutei outros e acabei jogando cartas de um relacionamento adolescente de cinco anos. Imagine ler isto hoje, perguntas de um garoto de 18 anos a sua namorada de 15, medos e duvidas. Cinco anos de minha vida, todas as quartas escreviamos, cada um respondia a carta anterior do outro, quase um diario.
Acho que devemos relembrar momentos da vida.
Abraco . Fique bem olhos de jabuticaba.

Unknown disse...

Muito bom estar aqui, teus textos são muito bons.
Eu não costumo guardar nada, mas algumas pessoas gostam de ter objetos e lembranças.
A!Melhor ficar de bem com Deus, tenta mudar a imagem que te fizeram acreditar Dele, e verás que tudo muda!
A física quântica tem ótimos conceitos sobre Deus.
Beijos :)

Daniel Costa disse...

Auréloa

Linkei o selinho e bloguei em "amgos selinhos", cumprindo as regras. Ficas convidada a uma visita.
Abraço,
Daniel

Éverton Vidal Azevedo disse...

Saudade é a alma reclamando o seu lugar de origem... Lindo texto.

Todos temos nossas coisas antigas né, eu assim como vocè também tenho isso de guardar agendas e cadernos antigos, tenho coisa dos 12 anos e acho bacana ler/ouvir.

Bj!

Sr do Vale disse...

Não sei se disse, mas a meus olhos, a olhar os seus digo...És linda.

Fernando Amaral disse...

Tenho umas estórias que escrevi bem menino... as encontrei noutro dia na casa da mama... puxa... é bom reviver estas coisas. O jeito é arrumar cômoda!!!